“Eram 7:30h da manhã quando ouvi o despertador a tocar. Aquele barulho acorda qualquer um, por isso num pulo pus-me a pé. Ainda não tinha caído em mim e já estava a preparar o pequeno-almoço que me iria encher a barriga durante umas boas 4 horas miseráveis de frio chuva, com a barriga a dar horas. Bom, o objectivo da manhã era mesmo juntar a Equipa e mais uns companheiros de Downhill de Famalicão e embarcar em viagem até aos arredores de Braga, mais precisamente Amares, penso. A verdade é que nenhum de nós sabia onde era a pista que íamos visitar. Por volta das 9 horas saímos da casa de embarque (Francisco Pinto), onde colocamos o material e as bicicletas. Depois partimos em duas carrinhas e um carro. 
Uma carrinha levava as bicicletas enquanto que a outra levava os riders e o carro era guiado pelo Veterano Sr. Coelho mais a sua mulher. A meio do caminho fizemos uma paragem para os amigos de Famalicão nos apanharem e retomamos logo a direcção. De Galegos Santa Maria até à Vila de Caldelas demoramos aí uma meia hora de viagem, com brincadeiras pelo caminho fotos e vídeos. 
Assim que começamos a subir o monte o problema pareceu sério: LAMA.Ela estava por todo o lado e o caminho de subida até ao cume do monte era totalmente em terra batida toda enlameada. Alguns de nós tiveram ainda que abandonar “os coches” e empurrar as carrinhas que deslizavam na lama, por muita força que fossem. Enfim, apenas uma preparação para o que viria a seguir.
Quando chegamos ao topo do monte o vento e o frio entraram-nos literalmente nos ossos. E o pior é que para andarmos de bicicleta tínhamos que ter um senso de equilíbrio tal era a força do vento que parecia querer levar-nos com ele. A nossa sorte foi não ter chovido enquanto estávamos a prepararmo-nos para a descida.
Como não sabíamos onde era a pista tivemos que subir o monte sem ter feito um reconhecimento do terreno. É um pouco arriscado e não aconselho a fazerem isso. Há que ver primeiro sempre onde se metem as rodas. Mas o circuito que encontramos era mais fantástico que qualquer outra coisa e depressa nos esquecemos dos riscos. Ficamos pasmados, eu aliás fiquei totalmente boquiaberto quando vislumbrei a pista. Era música para os meus olhos e para a minha bicicleta, aliás o sonho de qualquer um!!!! A paisagem da pista e a pista mesmo em si fazia parecer que estávamos em Fort William, o tempo permitiu que a imaginação fosse mais além, pois estava mesmo um tempo miserável, tal como em Inglaterra. Os caminhos eram largos cobertos de releves e duplos, mas não tinha tanta pedra como em Fort William, o que fazia a pista passar a ser mais parecida com a pista de Livigno. Se quiserem confirmar, procurem o vídeo no Youtube.com “Fabien Barel winning at Livigno”. Sentia-me mais que á vontade. Notava-se um sorrisinho na cara do Joel Pinto e do André Lima. É isto mesmo que procuramos.
Depois de nos termos preparado para a descida começamos a descer, mas já a dar-lhe. Para mim a pista merecia uma etapa do Mundo de DH. Era tão simples e tão magnífica ao mesmo tempo, fazia-nos andar nas nuvens… os primeiros 200 metros foram os que mais me deram gozo, fiz uma descida consistente praticamente sem erros, aterrava macio nos duplos, era como se me sentisse em casa. Depois é que veio o pior!
Como já referi imensas vezes, o tempo não tem estado lá grande coisa e isso afectou bastante a pista, principalmente num terreno com um declive tão acentuado como aquele. Partes brutais de trialeiras super rápidas e releves de cortar a respiração estavam totalmente dizimados por rios de água que atravessavam o caminho. Era isto originou várias quedas, felizmente nenhuma grave, mas que proporcionaram momentos de diversão e risota sem fim! Quando comecei a descer essas partes deixei-me ir simplesmente, claro que com algum receio, mas com o sangue à flor da pele. Em estilo “Kamikase” deixei os travões depois duma parte de lama e atravessei a água e as pedras. Ainda bem que referi o “kamikase” ainda há pouco, porque foi assim a minha curva. Como o terreno tinha água e estava cheio de lama e tinha pedras e algum terreno com erva escorregadia, curvei a bike o mias que pude a assim desci, com um pé na água e a traseira a fugir-me totalmente. Foi espectacular! Naquele momento só me apetecia fazer isso de novo, mas dirigi-me para a beira dos primeiros que tinham descido, mas mesmo antes de lá chegar, num releve a roda dianteira ficou presa na lama e dei um tralho. Foi mesmo só cair para o lado felizmente. Depois de esperarmos um pouco pelos mais cautelosos, retomamos a descida e o que encontramos foi uma junção de trilhos de Sintra com a pista internacional de Champéry da Suíça. Incrivelmente rápida cheia de curvas e contra curvas, tudo em single track. Os saltos para divertimento eram uma constante e tornou a descida bastante divertida. No final da pista fizemos a contagem dos danos, que foram quase inexistentes, com excepção á pedaleira da Kona do Rento Costa, que ficou, vá lá, “um pouco torcida”. Bebemos um pouco de água numa fonte que lá tinha perto do final da pista, quanto esperávamos pelo transporte do pessoal que coordena aquela pista. Sim, porque os Norte Riders tinham ido todos descer, até o Francisco Pinto, pai do Joel, que está a dar “os primeiros passos” no DH, fazendo uma descida aqui e outra ali, aguentou mesmo à bruta. O Verdadeiro! (O ginásio está-lhe a fazer bem eheheh)
O pessoal de lá da pista são gente 5 estrelas. Se quiserem por lá aparecer ao fim-de-semana eles levam 1,50€ por bicicleta como transporte.
Assim subimos de novo para cima, mas desta vez só os mais corajosos é que voltaram a descer. Eu e muitos outros estávamos completamente ensopados e o tempo não ajudava. 
Por isso apenas eu, o Joel Pinto, o André Lima, o Luís Macedo, o Renato Costa e um amigo do Luís, o João, é que descemos dos 10 que éramos. Os amigos de Famalicão já tinham descido enquanto nós nos preparávamos para a 2ª descida. Ora esta não foi tão espectacular como a primeira, embora tenha puxado mais pela bicicleta. Nos saltos o vento empurrava-nos e fazia um gajo quase cair, por isso parei de saltar. Tal era o puxanço que na parte em que tinha ido em verdadeiro “kamikase”, acabei por não ver um rego de água que se atravessava á minha frente e acabei por bater de frente nele, capotando logo de seguida. Mais uma vez não me aleijei. Quando cheguei lá abaixo no final da pista vinha todo borrado e com cada vez mais frio. Depois esperamos um pouco pelo Marco Santos e pelo Francisco Pinto, que ficaram em cima para trazer as carrinhas para baixo. Seguiu-se uma sessão de fotos em conjunto, com muita diversão à mistura.Depois todos sujos metemos as bikes na carrinha e fizemo-nos á estrada de volta a casa, mas entretanto ainda passamos pelo nosso patrocinador o café Cativar em S. Martinho, Barcelos para dar uns petiscos.
Em duas palavras um resumo do dia: incrivelmente maluco!"
Agradecimentos aos patrocinadores:
GymnoDevesa; Rodri Bike; Jomasil; LusoFerragens; Paula & Carla Santos; Café Sanck Bar Cativar; Bar O Brasileirinho e ao Manuel Moreira, que nos cede gentilmente a carrinha de transporte de bikes e á Junta de Freguesia de Galegos s. Martinho pela carrinha que nos levou na nós.
abc,Xavier Sousa
